A inteligência artificial está substituindo cargos juniores?

Recentemente, lemos um artigo da Tatiane Sendin, que faz parte do LinkedIn Top Voices, e percebemos que esse assunto é importante para compartilharmos por aqui também.

A evolução tecnológica traz inegáveis benefícios para empresas e profissionais, porém também gera preocupações. Uma das mais recentes é a ameaça que a inteligência artificial (IA) representa para cargos juniores, especialmente entre jovens recém-formados.

A realidade atual nos Estados Unidos

Em um recente episódio do podcast HardFork, do The New York Times, intitulado “The IA Jobapocalypse”, foi revelado que o desemprego entre recém-formados nos Estados Unidos atingiu 5,8% em 2025, o que representa um aumento significativo de 30% desde 2022. O Federal Reserve (Fed) de Nova York destacou uma deterioração marcante nas condições de emprego para jovens trabalhadores.

Historicamente, a faixa etária entre 22 e 27 anos sempre apresentou uma maior vulnerabilidade ao desemprego, especialmente durante períodos econômicos difíceis, como a crise financeira de 2008-2010 e a pandemia de 2020. Embora recém-formados geralmente tenham um desempenho um pouco superior à média geral de jovens, a partir de 2022, os níveis de desemprego voltaram a subir consideravelmente, sobretudo em setores como tecnologia, finanças e consultoria – justamente onde a inteligência artificial vem ganhando espaço rapidamente.

O cenário brasileiro: um alerta ainda maior

No Brasil, o quadro é ainda mais preocupante. Segundo dados recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), jovens de 18 a 24 anos representam 36% dos desempregados, um número que indica claramente a gravidade do cenário para essa faixa etária no país.

Dados que reforçam a necessidade de adaptação

A pesquisa realizada pelo ThinkWorkLab evidencia como a inteligência artificial já faz parte do cotidiano profissional em áreas cruciais como Finanças, TI e Recursos Humanos:

Contudo, seis em cada dez trabalhadores afirmam não ter recebido treinamento adequado para utilizar tais tecnologias. Mais de 90% dos profissionais dessas áreas já utilizam ferramentas baseadas em IA.
Segundo estudo da consultoria McKinsey, 48% dos líderes empresariais consideram que a maior barreira para uma adoção eficaz da IA é a falta de capacitação dos funcionários.

A McKinsey projeta ainda que o uso eficaz da IA pode resultar em ganhos de produtividade equivalentes a 4,4 trilhões de dólares. Porém, para que esses resultados sejam alcançados, as empresas precisam aprender a implementar essa tecnologia de maneira estratégica e eficaz.

O verdadeiro desafio: integrar jovens e IA

A grande ameaça enfrentada pelos jovens profissionais atualmente não é exclusivamente a inteligência artificial, mas sim a ausência de uma estratégia clara para incorporá-los adequadamente nesse novo ambiente de trabalho.

O papel das empresas nessa transformação

As empresas têm um papel crucial nesse cenário de mudança, podendo agir em diferentes frentes:

  • Desenvolver programas robustos de formação e treinamento focados em IA;
  • Integrar a IA claramente às estratégias corporativas, aos processos internos, às metas estabelecidas e aos comportamentos organizacionais desejados;
  • Adotar análises preditivas para antecipar demandas e oportunidades futuras;
  • Valorizar e dar espaço real aos novos talentos, reconhecendo a importância da criatividade e inovação trazida pelos jovens profissionais.

Como os jovens profissionais podem se preparar

Para os profissionais mais jovens, é essencial uma mudança de perspectiva frente à IA:

  • Enxergar a inteligência artificial como uma aliada e não como uma ameaça, utilizando-a como ferramenta para impulsionar carreiras;
  • Focar no desenvolvimento de habilidades humanas não automatizáveis, tais como pensamento crítico, criatividade e análise aprofundada;
  • Explorar modelos alternativos e flexíveis de trabalho, como gig economy e carreiras técnicas;
  • Manter-se atento às oportunidades periféricas, que costumam ser os pontos de partida das inovações antes que se tornem amplamente difundidas.

Como afirma Silvio Meira, especialista em inovação, em um webinar recente: “Existe um bicho chamado boleto, que persegue empresas e pessoas com a mesma intensidade”. A mensagem é clara: o futuro não espera ninguém. O momento de se adaptar e formar é agora.

Vamos conversar sobre como podemos impulsionar juntos essa transformação?

Redação
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