O que se espera de um designer além do design

Habilidades que não são específicas ao craft do design, mas que podem ter um grande impacto em como designers são percebidos por seus colegas de trabalho.

A forma em que trabalhamos está mudando. Sempre esteve, ano após ano, se você estava prestando atenção a essa mudança.

Não estou falando apenas de ferramentas e fluxo de trabalho. Esses passos mais táticos e mundanos que tomamos para conseguir completar nosso trabalho estão em constante evolução, e continuarão evoluindo a passos rápidos. Mas aprender a usar um novo software, se adaptar a uma nova ferramenta de colaboração (oi Slack!), ou incorporar uma nova etapa no seu fluxo de trabalho são tarefas relativamente fáceis.

Estou me referindo à forma como nos comportamos. E mais ainda: a forma como espera-se que nos comportemos no ambiente de trabalho.

Nos últimos anos, tenho percebido uma série de novas habilidades emergindo no ambiente de trabalho. Habilidades que não são específicas ao craft de design, mas que quando encontradas em designers podem ter um impacto significativo em:

  • Colaboração: quão fácil (ou difícil) é trabalhar com aquele designer
  • Eficiência: quanto trabalho é feito em determinado período de tempo
  • Relações interpessoais: como as pessoas percebem a senioridade daquele designer
  • Independência: quando gerenciamento aquele designer requer (ou não requer)

Nos últimos meses comecei a montar uma lista dessas habilidades (e na verdade a lista é um pouco mais longa do que você verá a seguir), que estou chamando de habilidades para designers modernos. “Moderno”, nesse contexto, significa que os designers que possuem essas habilidades — em adição às habilidades já naturalmente esperadas de um designer — têm mais chances de serem bem sucedidos em ambientes de trabalho mais novos, mais colaborativos, e mais inovadores.


#1 Poder de síntese

Por mais estranho que isso pareça, encontrar designers que sejam naturalmente curiosos não é uma tarefa tão simples. Encontrar designers que saibam ir à fundo quando estão pesquisando certo assunto, combinando vários pontos de vista diferentes no mesmo estudo — é mais difícil ainda. Mas é no final do processo de pesquisa, quando eles já levantaram tudo o que precisavam saber, é que percebo uma diferenciação em um tipo específico de designer: aqueles que sabem exatamente como sintetizar tudo o que aprenderam durante aquela pesquisa em insights simples e facilmente digeríveis, que podem ser circulados com facilidade entre outros membros do time.

#2 Otimismo flexível

Vivemos em um mundo imperfeito. Por mais que lutemos para fazer com que nossos projetos sejam sãos, nosso ambiente de trabalho confortável, e nosso tempo bem utilizado — sempre haverão problemas, caos, e situações imprevisíveis. Saber se adaptar a essas situações e saber focar no que está por vir (ao invés de gastar energia negativa reclamando das coisas que deram errado) é essencial para os dias de hoje. Times de design precisam de designers que consigam fazer o projeto seguir em frente — e não designers que ficam lamentando sobre o que não deu certo.

#3 Pensamento multidimensional

Em inglês existe um termo para isso: “wear multiple hats” (vestir vários chapéus diferentes). Ao invés de criar divisões dentro da estrutura da empresa (o “time de design” vs. o “time de tech”), designers que conseguem pensar simultaneamente nos vários aspectos de Design de Produto (usabilidade, implementação, negócios, branding, etc.) têm mais chances de ver suas ideias acontecerem. O chapéu de design sempre será o mais importante, obviamente, mas os designers multidimensionais sabem como se colocar no lugar de membros de outros times na organização e considerar as várias implicações de uma solução de design, antes de tomar uma decisão definitiva.

#4 Autossuficiência

Esse é um tanto óbvio: designers que sabem gerenciar seu próprio tempo, sua própria carga de trabalho, e seu próprio calendário, têm mais chances de serem bem sucedidos em sua carreira. Essa habilidade elimina a necessidade de “micro-gerenciamento” e faz o designer ser visto como independente e “de confiança” — tanto por seu chefe quanto pelos outros colegas de trabalho.

#5 Liderança não-hierárquica

Hierarquia é um resíduo do mundo corporativo de décadas atrás. Empresas e times mais modernos ainda mantêm certa hierarquia — mas ela é usada mais para dirigir a visão do time a longo prazo do que para informar como devem se desenvolver as relações entre os vários membros do time. Liderança pode surgir no meio do caos, e pode partir de qualquer ponto da organização, independente do cargo ou nível da pessoa. Liderança é uma forma de pensar, não um cargo. Designers que conseguem tomar a liderança sem que tenham necessariamente sido “delegados” essa função, são claramente mais valiosos do que os designers que esperam primeiro serem promovidos para depois virarem líderes.

#6 Tomada de decisões detalhada

Designers modernos nunca escolhem uma direção criativa simplesmente porque “é mais bonita” que as outras. Eles levam em conta as implicações daquela direção em várias camadas da interação: estética, experiência, usabilidade, funcionalidade, tecnologia, e até custo. Ter poder cerebral para sistematicamente considerar todos esses critérios ao tomar uma decisão é uma habilidade que poucos designers conseguem dominar — mas que está rapidamente se tornando essencial em empresas modernas.

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Autor: Fabricio Teixeira
Design Director at Work & Co, Founder of UX Collective — http://fabricio.work

Texto retirado de:
https://brasil.uxdesign.cc/

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