Texto de Lilian Sanches publicado em 10/09/2020 https://administradores.com.br/carreira
Existem dois grandes vilões profissionais, que destróem qualquer carreira, setor ou até mesmo aniquilam empresas:
Um estudo do ICEDR (Consórcio Internacional de Pesquisa de Desenvolvimento de Executivos) fala sobre as principais causas dos pedidos de demissão nas empresas:
Não por acaso, são exatamente estes mesmos itens, isolados ou somados, que levam à insatisfação de origem profissional, criando o primeiro vilão.
Também existem profissionais insatisfeitos no trabalho por conta de mudanças pessoais, do estilo de vida à motivação para o trabalho, e se fatores externos forem identificados sendo que dentro da empresa não existe nada que estimule, a conta não vai fechar nunca.
Se isola
Vendo que não pertence mais àquele ambiente, o profissional começa a se isolar, seja nas atividades ou no convívio social com colegas de trabalho – aparecerá cada vez menos em almoços, confraternizações, etc. Também é comum não pedir apoio, mesmo quando extremamente necessário, inclusive porque não acredita mais no “sistema” , colegas e líderes.
Contamina
A “peão net” conhece claramente quem são os vilões insatisfeito. Em geral eles incendeiam as rodas de conversa nos corredores com provocações e questionamentos sobre qualquer situação que ocorra na empresa. Seja o fato bom ou ruim, tudo será conduzido para o lado negativo e sombrio.
Foge
Quando o vilão da insatisfação sente que não tem mais espaço, que ele cresceu demais e ganhou muita força, se vê sufocado e precisa fugir. Uma transição de carreira muitas vezes acaba sendo a única solução.
Muitas vezes, a simples mudança de ambiente faz com que a insatisfação seja neutralizada, porém, tem muitos vilões insatisfeitos que mudam de empresa – e carregam a frustração junto.
Agora, pior do que o vilão insatisfeito fugir, é quando ele resolve ficar. E virar o vilão estagnado.
O vilão estagnado pode parecer menos nocivo do que o vilão insatisfeito, à primeira vista. Mas não se engane.
O vilão estagnado muitas vezes finge estar tudo bem, coloca uma música do Zeca Pagodinho pra tocar (Deixa a vida me levar, vida leva eu…) e ano após ano diminui suas entregas, não se atualiza, vai se apagando.
Até que um dia, alguém percebe sua baixa performance e o demite. Em geral, nestes casos, ele ainda se sente injustiçado.
Por que isso ocorre? Porque a maioria dos vilões estagnados possui uma arma secreta, praticamente um escudo que os mantém invisíveis nos cortes e avaliações: esconder números e fazer politicagem.
Em muitos ambientes, acabam “disfarçando” a baixa performance ou até mesmo levando mérito em cima de feitos da equipe.
Entra ano, sai ano, e o vilão estagnado permanece lá, em sua redoma, mediano e inatingível. O famoso “tá ruim mas tá bom”.
Vilões da estagnação desmotivam bons profissionais, que podem se sentir injustiçados ao receberem os mesmos desafios e recompensas, ou frustrados por carregarem o piano sozinhos e ainda ver o outro dividir o mérito.
E temos como combater este vilões?
Não é preciso reunir novamente os Vingadores. Combater estes dois vilões profissionais está ao alcance de qualquer empresa ou profissional.
Algumas questões simples podem ser colocadas em prática já:
#1 Análise do Momento Profissional
Fazer uma avaliação profissional a cada ano é muito importante e isso cabe a cada um de nós, apesar das empresas poderem apoiar neste processo.
É preciso avaliar:
Feito isso, você tem um plano de carreira alinhado à sua vida pessoal e a quem você é de fato. Se não conseguir fazer este planejamento sozinho, busque ajuda.
E por que fazer anualmente?
💡 Líderes podem conversar com seus liderados, individualmente, sobre estes aspectos.
#2 Interesses e Atualização
Não espere ficar para trás para então buscar uma reciclagem. Estar frequentemente atualizado, ler sobre sua área de atuação, entender sobre o mercado em que está inserido e acompanhar mudanças de cenário combatem o vilão da estagnação.
💡 Líderes podem estimular o engajamento de seus colaboradores em grupos e eventos além de incluir em seu plano de desenvolvimento novos assuntos e criar grupos internos de partilha do conhecimento.
#3 Conversas abertas
Precisamos perder o medo de falar.
Muitas vezes as conversas de corredor ganham espaço porque as pessoas não se sentem confortáveis em conversar com quem poderia resolver a questão de vez. Insatisfações nascem devido ao sentimento de que algo não vai bem, porém nem sempre existem fatos concretos, uma conversa resolveria grande parte dos problemas.
É preciso estimular as conversas e a transparência. Utilizar técnicas de comunicação empática, como a CNV (Comunicação Não Violenta) apoia muito neste processo.
💡Líderes precisam “puxar” as conversas. Ao se deparar com conversas de corredor, não finja que não ouviu. Encarar as situações de frente, de forma transparente, irá aumentar sua credibilidade. O Líder também precisa ser o primeiro a comunicar todas as mudanças que ocorrerem na empresa para sua equipe, bem como dar feedbacks constantes – bons e ruins.